Seria o COVID-19 o choque de realidade que o Brasil precisa para acordar e se tornar uma grande nação?
O Brasil é um continente com mais de 8.5 milhões de km2, o quinto maior país do mundo, temos mais de 210 milhões de habitantes. Se colocássemos todos os países da Europa (exceção da porção russa – europeia) ainda sobraria espaço para um Japão, uma Singapura, Hong-Kong e mais alguns juntos, e tudo bem, pois o povo brasileiro na realidade é um global, somos um Estado no qual vivem diversos povos, descendentes de lusitanos, africanos, espanhóis, italianos, alemães, etc. Focando, como análise comparativa, contudo a Europa tem aproximadamente 619 milhões de habitantes, pelo senso de 2017 (também sem considerar a porção russa – europeia), então temos 3 europeus para cada brasileiro, lá eles vivem mais juntinhos… Segundo alguns estatísticos o território brasileiro teria a capacidade de receber uma população de 10x a atual população da China (3ºmaior país), pois embora seja também um país de grandes proporções, somente 15% dele é ocupado pela população, mas vamos manter assim porque gostamos de nossas áreas naturais preservadas.
O Brasil é um país-continente marcado por profundas desigualdades e também é uma república federativa, ou seja, gerida por governadores e prefeitos, portanto temos muitos gestores para cuidar deste grande continente e sempre há uma grande disputa por estes cargos em épocas de eleição. Mas porque as condições de vida dos seus habitantes não melhoram como os países da Europa? Porque com tantas cabeças gestoras, as soluções são tão limitadas?
Conforme artigo publicado e disponível no site “’plenarinho.leg.br – Câmara dos Deputados” um canal de comunicação para se comunicar com o cidadão e, o que me levou a utilizar como referência porque endossa que “não seja para fins político-partidários”, vamos entender qual seria o fundamento para o Brasil escrito no artigo 1º:
“”A Constituição, lei maior do País, descreve o que é o Brasil logo no comecinho, no primeiro artigo. Vamos entender o que cada palavra significa?
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político.”
Somos uma República, ou seja, uma forma de governo onde o chefe de Estado é escolhido pelo povo, normalmente por meio do voto livre e secreto. Em nosso caso, temos o Presidente da República, eleito a cada quatro anos. Somos diferentes, por exemplo, da Monarquia, em que o rei é o chefe e fica no trono até morrer, sendo substituído por um filho e assim por diante (regime hereditário).
Também somos uma federação, ou seja, a união política de territórios com governo próprio e certa autonomia. O Brasil tem 26 estados e o Distrito Federal, e mais de cinco mil municípios. Todos eles têm seus governantes e suas leis particulares, mas não podem ultrapassar os limites da Constituição Federal. Essa união é indissolúvel…
Somos um Estado Democrático de Direito. Em primeiro lugar, somos uma democracia, um governo do povo. A própria Constituição fala sobre isso: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. Também somos um Estado de Direito. Isso quer dizer que a Constituição e demais leis valem para todos, dos cidadãos comuns às autoridades políticas. Todos devem respeitar os direitos humanos e as garantias fundamentais.
Temos soberania. O Brasil é independente dos outros países e tem autoridade própria em seu território. Assim, podemos nos organizar para fazer ou revogar leis, emitir nossa própria moeda, lançar impostos, declarar guerra ou celebrar a paz.
A cidadania é um dos nossos fundamentos. O cidadão brasileiro tem direitos e deveres, para que possa participar da vida em sociedade e das decisões do governo, seja como eleitor ou como eleito. A ele, é garantida a liberdade, o direito à justiça e o bem-estar econômico e social.
A Constituição também inclui o fundamento do respeito e da consideração de cada cidadão brasileiro por parte do governo e da comunidade, sem discriminação, protegendo-o contra a indignidade, isto é, contra tudo o que for humilhante e desumano.
Ao colocar os valores sociais do trabalho como fundamento, a Constituição Federal busca defender os direitos dos trabalhadores, mostrando como eles são importantes para o País. Já a liberdade de iniciativa permite ao cidadão brasileiro realizar qualquer trabalho, ofício, profissão ou atividade econômica que estiver dentro da lei.
A palavra “pluralismo” vem de “plural”, que significa “mais de um”. A Constituição brasileira permite que existam vários partidos políticos, com iguais direitos a exercer o poder público, de acordo com a lei. Com isso, grupos diferentes podem mostrar suas ideias e opiniões, respeitando-se uns aos outros.
Agora você já está por dentro do que é a República Federativa do Brasil! O mais legal de entender tudo direitinho é colocar em prática o que está na Constituição. Especialmente o que diz o terceiro artigo:
“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – Garantir o desenvolvimento nacional;
III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
Então, podemos concluir que temos mais de 5.027 governantes, que buscam defender os direitos fundamentais do povo brasileiro com dignidade, igualdade, justiça, bem estar econômico e social para garantir o desenvolvimento nacional erradicando a pobreza e promovendo o bem de todos Eu juro que fiz agora um resumo do que está escrito acima, mas a quantos anos escutamos isto em vésperas de eleição?, e nunca acontece. Infelizmente é por falta de vontade política.
É fácil criar medidas para isolamento de pessoas em casa e mandar lavar as mãos corretamente, pois justifica a fragilidade e exposição do conhecido e ineficiente modelo de saúde pública nacional; à muito o SUS defasado e burocratizado precisa ser reinventado e o modelo de saúde precisa evoluir para preventiva e isto também requer uma mudança de visão no campo da educação, já a muito tempo ineficiente e defasado; a teoria aplicada nas universidades brasileiras mal servem às empresas que têm que investir no profissional recém formado para que realmente seja capaz da prática.
As empresas estão se reinventando, os profissionais irão se reinventar, estão hoje em trabalho remoto, o que é diferente de home-office, os modelo operacionais e tecnológicos estão sendo reescritos, não é possível no âmbito de gestão do país que isto também não ocorra, há muitos profissionais técnicos competentes que podem propor modelos de gestão pública mais eficiente, há décadas de boas práticas em gestão pública mundiais de dezenas de países que exemplificam essa possibilidade, caso contrário, conforto, a corrupção e o corporativismo político matarão o país. Nós podemos fazer melhor, somos um povo composto da união de todos os povos do planeta, basta não politizar, não é hora do político tentar se manter no poder às custas da quimera causada por um vírus, é hora do governante, lembrar do porque está lá e daqueles que acreditaram nele o elegeram.
Talvez o que estrague o artigo 1º seja o excesso de “pluralismo”. Até outubro de 2019 o Brasil tinha 32 partidos registrados e aptos a disputar as eleições e mais 75 com pedido de formação, segundo TSE.
Essa fragmentação de “ideias” torna muito complexa a negociação para aprovação de uma lei e este é um processo muito lento, custoso e não garante a maioria da vontade, necessidade e prioridade do povo – e alguns usam como um verdadeiro show de picadeiro quando uma simples lei é votada para “defender os direitos fundamentais do povo brasileiro com dignidade, igualdade, justiça, bem estar econômico e social para garantir o desenvolvimento nacional erradicando a pobreza e promovendo o bem de todos”. Outro problema é que esta pulverização impede que se forme uma idealização, um caminho para a nação e perdemos o pragmatismo, ou seja, o sentido da ideia que corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos que refletem as necessidades e prioridades da grande maioria do povo menos assistido ou sem nenhuma assistência. Às vezes, até fica a impressão que eles não estão preocupados com o povo! Será?
E como já sabemos, manter estes partidos tem um custo, e nesta hora os maus empresários financiam os partidos para seus interesses próprios, e nós já sabemos o resultado, pouco investimento para a população em saúde e educação e agora a fonte de recurso é outra, mas não restrita a ela, é o fundo eleitoral que desde 2017 é a principal força motriz para a maioria dos partidos. Ou seja, ter um partido é um bom negócio, mas não era essa a função prevista para eles no artigo 1º.
Nestas horas de COVID-19, muitos políticos tornaram-se especialistas em saúde no ramo “arte de não se responsabilizar ao tentar resolver problemas’, é mais fácil definir o isolamento de 100% da população em suas casas, ensinar a “lavar as mãos corretamente” e utilizar como indicador de seu sucesso o percentual de isolamento, mas e quanto ao percentual de pessoas que não tem moradia digna e saneamento básico em suas casas, e o percentual de pessoas demitidas pelas empresas paradas, o percentual das empresas que estão se endividando – o dinheiro emprestado por bancos e governo não é dado, é empréstimo e terá juros – e das empresas, principalmente as PME, que são os grandes empregadores neste país que fecharam sua porta por causa do isolamento e não mais abrirão. É mais fácil governar com medidas paliativas do que analisar as causas e tomar medidas corretivas, remediativas e de melhoria da qualidade de vida definitiva de um povo, não temporária. Os governantes atuais dirão – “Mas eu recebi assim”, e os futuros dirão algo diferente?
Deixando claro, não sou contra o isolamento social, muito pelo contrário, é uma estratégia aplicável, mas não concordo com o seu uso político, porque políticos anunciam em mídia que estão conseguindo aumentar o percentual de isolamento, mas o número de casos continua a aumentar, não deveria estar ocorrendo o contrário? – Quem está faltando com a verdade, o povo doente ou a estatística? – O marketing político não ajuda a população, a falta de alinhamento das ações dos governantes como um Estado único é indissolúvel não ajuda mitigar a crise de saúde, a falta de conhecimento e educação não ajuda em ações preventivas ou na criação de soluções e caminhos científicos e inteligentes, o isolamento por estatística de tempo não ajuda a economia do país, não ajuda na ação para recuperação da pandemia de um vírus severo, ainda sem vacina. Está na hora da gestão pública se reinventar no Brasil, só assim seremos uma nação capaz de se destacar no futuro, de decolar novamente, e não mais cair. Depende dos políticos e depende de nós cidadãos que votam. Cito aqui, como questionamento algumas frases provocativas e importantes de grandes pensadores para refletirmos:
- O Brasil e o país do futuro e sempre será?
- O Brasil é um país grande de mentes pequenas?
- O ser politicamente correto denota nossa dificuldade de viver a nossa realidade?
- O Brasil seria muito melhor se cobrássemos nossos governantes como cobramos nosso time e seleção de futebol?
- Conhecer nosso passado ajuda a entende o nosso presente, e ver o nosso presente ajuda a saber como será o nosso futuro? e uma afirmação;
- Uma nação vale tanto quanto os seus líderes.
Tenho visto os grandes empresários fazendo sua parte, não demitindo, infelizmente os PME não conseguem fazer esta mesma ação pois sua capacidade financeira é limitada, e os informais desde a primeira semana do início do isolamento sentiram o impacto na sua mesa e, em breve, mesmo as grandes empresas, terão que se readaptar, dependerão de um mercado ativo para se manterem, o que não ocorrerá por muitos meses. Ouvi de alguns empresários que “não farão investimentos até o final da crise do COVID-19 “, bom, a crise do COVID-19 pode durar anos até o seu fim, desejo a este e a outros que pensam da mesma forma muita, muita…sorte. Estamos assistindo os primeiros países que sofreram com a pandemia retomar gerida e cautelosamente suas operações. Temos que parar de imitar os outros, politizar internamente ou simplesmente ficar parados e retomar gradualmente a economia e inteligente e cautelosamente lidar com esta pandemia, pois muitos países já perceberam que a RECESSÃO matará muito mais pessoas que a COVID-19.
por Carlos Magalhães – Xcellence & Co.
carlos.magalhaes@xcellence.com.br