Planejando o imprevisível – Parte 3

 

Mercado em Mudança e talentos ágeis.

 

Não basta apenas identificar diferentes cenários e investir no desenvolvimento de uma força de trabalho que possa enfrentar a incerteza. As empresas podem agir de acordo com as oportunidades geradas apenas se suas operações forem capazes de suportar a demanda do mercado, caso contrário, sua imagem sairá manchada. Em tempos de incerteza, é imperativo que as organizações tenham foco nas demandas de mercado, entendê-las e prioriza-las. Muitas empresas hoje, voltaram suas ações estratégicas para o comércio eletrônico, excelente, adaptaram-se para um mercado em que as pessoas não podem ir a eles, então eles irão aos clientes. Alguns conseguiram com esta estratégia manter suas margens outros até aumentaram, mas suas áreas de apoio aos negócios estavam preparadas para suportar este aumento de volume de demanda, ou pior, uma demanda com processamentos remotos. Muitas empresas adotam o modelo de gestão conhecido como Serviços Compartilhados e, hoje , este modelo entrega seu máximo valor se a tecnologia foi empregada de forma tão eficiente quanto o seu processo foi desenhado, caso contrário, por melhor que seja o seu capital humano, ele será incapaz de atingir níveis superiores de eficácia, e em tempos de crise, sofrerá os impactos como qualquer unidade operacional. Ter um ambiente operacional simplificado e padronizado, estruturado por processos – e não por silos – e com uma tecnologia digital integrada e eficiente faz com que as pessoas estejam aptas para serem o diferencial estratégico que podem ser a chave para sobreviver e prosperar, nesta fase de mudança.

 

De certa forma, é mais difícil repensar uma estratégia operacional do que repensar uma estratégia comercial. Na era pré-digital, esta em que realmente vivemos, a reconfiguração operacional após uma reformulação estratégica que antes, deslocando as cadeias de produção e suprimento que alimentavam o mercado podia levar anos, hoje precisa levar meses ou dias. O desafio e a oportunidade para as operações agora são usar novas tecnologias, como digitalização, IA ou automação de processos robóticos, para remodelar rapidamente as operações, para que possam refletir o cenário comercial em constante mudança. Mas sem mexer na sua base – processos – nada adiantará o emprego da melhor tecnologia disponível.

 

Na raiz, essa abordagem significa entender quais operações e competências- chave dão à organização uma vantagem competitiva e investir nelas. É importante não perder o foco e o controle ao cortar custos. Fabricantes e provedores de serviços devem adequar suas tecnologias e fornecer alternativas de precificação adequados de suas soluções às necessidades e demandas de seus clientes, entendendo que negócios na sua base são padronizados e regulados e em sua linha de frente são específicos – e assim investir neles. A terceirização é um componente essencial da construção de uma operação ágil e moderna, principalmente se já estiveram em nuvem. Porém, em tempos de incerteza, as empresas que terceirizam devem ter cuidado especial para capturar valor e impedir que ele vaze. As empresas não devem terceirizar funções que ainda precisam otimizar a si mesmas, vender o que não é capaz de entregar, no prazo e na qualidade, pode ser um erro fatal nestes tempos de seleção de competências, com altas expectativas e caixa baixo.

 

Dentro deste universo de transformações, surge a ideia de “talento ágil” e a importância crescente da economia sob demanda. Conforme os rápidos avanços tecnológicos e demandas novas constantes emergem como desafios em potencial, práticas de contratação, aprendizado e operação rápidos emergem como soluções em potencial ou “recursos em nuvem”.

 

A alusão à computação em nuvem é intencional, porque a nuvem é sinônimo para computação distribuída em rede e reflete a habilidade crescente que empresas têm de aumentar sua velocidade e eficiência ao executar aplicações em muitos computadores conectados ao mesmo tempo.

 

Crie produtos e serviços com valor percebido.

 

A incerteza tende a paralisar a realização de negócios ou a empurrar as empresas para ações defensivas e reativas. As empresas naturalmente congelam o crescimento e aumentam sua intolerância ao risco frente aos conselhos, administração, comitês de investimento e acionistas. Mas as empresas que são suficientemente ágeis para executar transações quando podem, e não quando precisam, descobrirão que estes momentos apresentam ocasiões para impulsionar o crescimento e superar os rivais. Como os vendedores mais motivados aparecem em tempos incertos, as empresas podem potencialmente tirar proveito do fluxo de negócios das organizações que estão alienando ativos. Não é de surpreender que é nestas épocas que as empresas de private equity tendem a fazer seus melhores negócios e a criar mais valor comprando empresas que apresentam seus resultados deprimidos.

 

Ao avaliar as oportunidades de negócios, as organizações devem basear-se na mentalidade “pronto para crescer”, concentrando-se na aquisição de tecnologias, operações e unidades que reforçam as suas capacidades de aprimorar os negócios principais. Mas seu backoffice – áreas de apoio – devem estar preparados para receber este novo contingente de processamento sem impactos nos desempenhos ou resultado. Foi por isso que o ambiente de Serviços compartilhados foi criado e evoluiu através das crises e demandas durante estes 40 anos para receber áreas de apoio, com o mínimo aumento dos custos administrativos e sem perda do foco da integração dos novos negócios. O inverso também é verdadeiro, desinvestimento dos ativos não essenciais que liberam recursos para investimento. Mesmo que não tenham clareza sobre as perspectivas de curto prazo em torno de qualquer negócio ou unidade, as empresas podem moldar seu futuro, concentrando-se nas tendências estruturais de longo prazo sobre as quais elas têm algum nível de certeza – por exemplo, a evolução contínua do comércio eletrônico, mudança para um sistema de energia com baixo carbono, plataformas digitais de automação de processos transacionais ou sensores de monitoramento de máquinas e equipamentos. As empresas que investem agora, independentemente das condições econômicas, irão focar nestes tipos de tecnologias e negócios.

 

Infelizmente, para o Brasil, muitos governantes não enxergam desta maneira, este é o momento de atrair investimento internacional, vendendo seus ativos onerosos, tornando a administração publica mais eficiente, gerenciadora, focando em suas deficiências históricas como saúde e educação e permitindo que a infraestrutura do país se desenvolva com investimentos, que consequentemente irá gerar empregos e reduzir a recessão que se aproxima rapidamente.

 

Os formadores de negócios ágeis desenvolvem planos que lhes permitem avançar rapidamente para criar valor. Em tempos de incerteza, as janelas tradicionais de 100 dias para iniciar a implantação de um plano de criação de uma visão perde o seu valor. Nesta era de estratégia dinâmica, compradores e investidores bem-sucedidos utilizam-se de parceiros de negócios que são dinâmicos e podem realizar análises e modelagem para trabalhar na integração e em outras alavancas de criação de valor enquanto já estão realizando a auditoria para o processo de transformação. Dessa forma, essas alavancas podem ser implementadas instantaneamente.

 

Mover-se rapidamente é essencial em tempos de incerteza, não apenas por causa da dinâmica da mudança de mercado, mas porque os atrasos podem ter um impacto negativo em dois componentes cruciais ao sucesso dos negócios: cultura e talento. A cultura leva muito tempo para se desenvolver e muito esforço para ser mantida, mas pode desmoronar em um tempo relativamente curto. Não planejar a mudança cultural prejudicará o valor criado em uma organização em processo de fusão ou com uma cultura muito focada ao indivíduo, agora em sua casa. Enquanto isso, o talento está cada vez mais na vanguarda dos negócios, muitas vezes motivados pelo desejo de obter acesso a aperfeiçoar suas habilidades específicas ou renovar-se completamente. As empresas contraentes podem reduzir a incerteza identificando estes funcionários antes de uma aquisição e incentivando-os a permanecer após o acordo, com uma nova perspectiva ampliada para ambas as partes.

 

por Carlos Magalhães – Xcellence & Co.
carlos.magalhaes@xcellence.com.br

 

Xcellence & Co.

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